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O adolescente e a transformação da relação entre ele e seus pais

  • Foto do escritor: Claudia Faturi
    Claudia Faturi
  • 12 de set. de 2024
  • 2 min de leitura

Mãe e seu filho adolescente.
Mãe e filho se abraçando

A adolescência é uma fase que o sujeito atravessa ao sair da infância e que o coloca num longo caminho até a vida adulta. Trata-se de um fenômeno complexo e multifacetado, onde o adolescente se lança para fora dos vínculos familiares buscando a ampliação dos laços sociais. Diante dessas novas relações ele pode se sentir como um estrangeiro (Anacleto & Fonseca, 2021), o que desencadeia uma busca por possibilidades de pertencimento. O corpo em transformação é um recurso usado estrategicamente para este fim: tatuagens, piercings, cortes de cabelo e outras escolhas estéticas são inscrições que o permite aceder a um certo grupo social através das identificações entre seus membros. Por outro lado, um corpo que desagrada o grupo expõe o adolescente ao risco de perda de prestígio, ao desprezo e ao assédio (Takeiti et al., 2021).


Na busca pela ampliação dos laços sociais o adolescente entra em contato com outras formas de organização familiar, com as novas profissões de seu tempo, assim como outras formas de viver a partir dele (Mateus, 2012). Por isso, na adolescência o legado parental é uma bagagem que passa a ser ressignificada. O distanciamento que os adolescentes estabelecem em relação aos seus pais inaugura uma nova fase do relacionamento entre eles.O adolescente vive um processo de luto dos pais idealizados, luto este que o adolescente vive com rebeldia e contestação.


No estabelecimento dos novos vínculos ele se desabriga temporariamente da proteção dos pais (Mateus, 2012) e experimenta uma sensação ambivalente de desamparo e de liberdade. As urgências e atitudes impetuosas são comportamentos que expressam a impulsividade adolescente e que podem colocá-lo em risco, pois é justamente nesta fase do desenvolvimento que surgem as compulsões, como as drogadições, e transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia. No movimento natural de se distanciar da proteção e contenção familiar o adolescente se vê diante do desafio de moderar sozinho suas próprias forças pulsionais numa realidade na qual a competição é o principal jogo proposto. 


Ainda que os pais se vejam imersos numa certa turbulência na relação com o adolescente é importante que eles sustentem a assimetria intergeracional. A imposição autoritária como motor para a sustentação da assimetria pode colocar os filhos a serviço dos interesses dos pais ao invés de colocá-los no caminho do seu próprio desenvolvimento e maturação. A reboque da escolha autoritária aparecem a punição e a humilhação que podem intensificar o sofrimento inerente à adolescência, por isso é imprescindível que os pais vinculem a proposição destes limites à prática de cuidado de forma terna e acolhedora. 



Saiba mais…


Anacleto, J.M.; Fonseca, P.F. (2021). De que crise se trata a adolescencia contemporânea? algumas considerações psicanalíticas e educacionais. Educ. Rev. 37: e24157.


Matheus, T. C. (2012). O sujeito adolescente e a ameaça de exclusão na contemporaneidade. Revista Latinoamericana De Psicopatologia Fundamental, 15(1), 82-93. https://doi.org/10.1590/s1415-47142012000100007


Takeiti, B.A.; Carneiro, C.; Peres, S. O. (2021) Adolescência e suas marcas: o corpo em questão. Desidades, 31(9): 53-69.


Claudia de Brito Faturi - CRP 06/191817

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